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Type O Negative: neste dia, em 1996, “October Rust” era lançado

Entre feridas expostas e o sonho de um amor romântico, o divisor de águas do grupo nova-iorquino inovou ao trazer shoegaze e dreampop para a limitada esfera metálica

Por Luiz Athayde

Neste dia, em 1996, o Type O Negative vinha com um álbum totalmente diferente do seu aclamado antecessor Blood Kisses, de 1992. Produzido pelo tecladista Josh Silver e o vocalista, baixista e força criativa Peter Steele, os nova-iorquinos do Brooklyn surpreenderam com October Rust.

É um disco tão distante da conhecida esfera metálica/gótica quanto inovador dentro do seu próprio perímetro.

O álbum também marca a estreia de Johnny Kelly no comando das baquetas, substituindo Sal Abruscato. Àquela altura, eles já eram conhecidos pelo humor politicamente incorreto, Poirém, o grupo brincou somente nas duas primeras faixas: “Bad Ground” e “Untitled”

A última, aliás, apresenta um zumbido de 38 segundos (parênteses essoal: na época de seu lançamento, ao chegar em casa com o disquinho em mãos, o susto ao colocá-lo no meu aparelho de som foi imediato; não sabia se era problema nos cabos ou se havia comprado um CD com defeito de fábrica) antes da banda se apresentar e também o álbum.

Johhny, Josh, Peter e Kenny: Type O Negative em 1996

A reação ao disco foi tão diversa quanto suas nuances. Como a banda se estabeleceu na cena heavy metal, em alguns países, especialmente no Brasil, poucos entenderam sua nova proposta.

Os dias de Black Sabbath resolveram dar um tempo para dar lugar ao shoegaze, o dreampop e suas variantes. Como My Bloody Valentine, banda que Steele ouvia muito na época, inclusive listando “To Here Knows When” entre as músicas que mudaram sua vida.

Em uma entrevista perdida da época do lançamento de October Rust e publicada pela Aquarian pouco tempo depois de sua morte, Peter Steele comentou a insistência das pessoas em rotulá-los como góticos.

“O termo gótico foi imposto a nós pela mídia. As pessoas, em geral, precisam saber onde colocar o produto. É como tentar martelar um pedaço de madeira semi-circular em um buraco circular. Nós nos encaixamos, só que não.”

Na parte lírica, Steele e seu jeito particular de escrever temas românticos como “Love You To Death” ou mesmo expor suas feridas em “Red Water (Christmas Mourning)”. É nesta que o músico revela a falta que sentia pelo seu pai nas festividades de fim de ano. Não à toa, seus sentimentos expressados na música se gladiavam com sua forte aparência física.

“Eu sempre fui muito sensível. Isso é sempre muito contrastado com a minha aparência física. Às vezes as pessoas ficam surpresas com o contraste – o que acho agradável. Espera-se que alguém que é grande aja de determinada maneira. Mas quando eu ajo bem, me torno um bom ator (insiro sarcasmo), as pessoas ficam impressionadas”, disse Peter.

O sucesso comercial foi inevitável. Quatro singles saíram entre 1996 e 1997: “Love You to Death”, “My Girlfriend’s Girlfriend” (com exibição constante na MTV), “In Praise of Bacchus” e a versão para “Cinnamon Girl”, de Neil Young.

Nas paradas de vendas, como na maioria dos casos de bandas pesadas que flertaram com o pop como Tiamat, Moonspell e Paradise Lost, o Type O Negative alcançou melhores posições nos países mais “frios”. Em resumo: 15º lugar na Noruega, 8º na Áustria, 7º na Finlândia, 5º na Alemanha e 3º na Suécia. Sem mencionar a 42º posição em casa pela Billboard 200.

Maxi Single de My Girlfriend’s Girlfriend (Imagem: Discogs)

Inclusive uma das características mais marcantes em October Rust é justamente a atmosfera gélida que permeia entre as faixas. Algo como se o álbum tivesse sido gerado em uma cinzenta tarde de outono em alguma floresta da América do Norte, lindamente montada nas fotos do encarte do disco.

Como a banda fazia parte do cast da Roadrunner, no Brasil, o disco teve um milagroso lançamento simultâneo com a matriz Yankee. Do lado das raridades, edição alemã em vinil Picture duplo e edição holandesa em vinil duplo – ambos fósseis no mercado de colecionadores. Em 2006, a Roadrunner lançou October Rust em vinil duplo, mas nem assim os preços caíram. Da mesma forma que a última prensagem em capa dupla lançada em 2013.

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