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Sérgio Sampaio: shows, espetáculos e documentário póstumo celebram o “maldito”

Através das mais variadas homenagens, o bloco do cantor nunca esteve tanto tempo na rua

Por Luiz Athayde

Em abril último, o cantor e compositor, mais conhecido como o “Maldito da MPB” Sérgio Moraes Sampaio teria completado 72 anos, sendo uma grande parte desses, de carreira, interrompida pela  pancreatite no dia 15 de maio de 1994, falecendo pouco antes de concretizar seu projeto de um álbum de inéditas pelo tradicional carimbo Baratos Afins.

Muito antes disso, em Cachoeiro de Itapemirim, interior do Espírito Santo, o filho de maestro e dono de tamancaria e professora primária – além de primo de Raul Sampaio Cocco, autor de sucessos do conterrâneo Roberto Carlos –  já era viciado em música e um aficionado por rádio, acompanhando alguns dos cantores mais tocados da época como Nelson Gonçalves, Sílvio Caldas e Orlando Silva, assim como os locutores Saint-Clair Lopes e Luiz Jatobá, influenciando diretamente no seu estilo como locutor após passar em um teste para a rádio ZYL-9 de Cachoeiro aos 16 anos. Logo mais, em 1964, passa por um período de aprimoramento na Rádio Relógio Federal do Rio de Janeiro, e em 1967 muda-se em definitivo para a cidade.

Lá conhece Raul Seixas, dando início a uma grande amizade. Raul que era produtor musical da gravadora CBS, “descobre” o talento de Sérgio e, sob o pseudônimo Sérgio Augusto, assina “Sol 40 graus”, música gravada pelo Trio Ternura, rendendo grande sucesso em 1971.

Após assinar mais algumas gravações, vence o II Festival da MPB realizado em Cachoeiro, e dá início com Raul Seixas o seminal projeto Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10, com várias músicas censuradas pela ditadura. Mas seu trabalho mais marcante veio finalmente em 1973 com o álbum Eu quero é botar meu bloco na rua, rendendo sucesso no carnaval de 1973 e o Troféu Imprensa como revelação de ‘72 na Rede Globo.

Os quatro Kavernistas em sentido horário: Edy Star, Sérgio Sampaio, Raul Seixas e Miriam Batucada.

Até hoje uma referência na música popular brasileira, o álbum é influência tanto de medalhões quando de nomes pré-estabelecidos da MPB, tendo como maior exemplo Ney Matogrosso, que em janeiro iniciou mais uma turnê para seu vasto currículo com o título Bloco na rua, inclusive abrindo seus shows com a marcha o cantor. De homenagens ainda mais recentes, no próximo dia 26 de julho no Sesc Pompéia, em São Paulo, também pode ser conferido o show Boleros & outras delícias – Canções de Sérgio Sampaio, sob o comando da cantora paulista Cida Moreira.

Para quem anseia por arquivos audiovisuais, em maio foi anunciado a produção de um documentário sobre a vida e a obra do cantor, com direção assinada pelo cineasta Hugo Moura e João Sampaio, filho de Sérgio; previsto para sair em 2020. Sem mencionar os inúmeros espetáculos teatrais realizados para celebrar sua obra, como Roda Morta (música de Sérgio) da Cia. Teatro Perverto no Teatro da USP e o Festival Sérgio Sampaio, realizado anualmente em Vitória, contando com vídeos, apresentações musicais e bate-papos, enriquecendo ainda mais a memória desse artista que ultrapassou as fronteiras do Espírito Santo.

Além de Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10 (1971) e Eu quero é botar meu bloco na rua (1973), Sérgio Sampaio lançou os álbuns Tem Que Acontecer (1976) e Sinceramente (1982).

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